Art. 25 CP - Entende-se em legítima defesa quem,
usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (grifos nossos)
Durante toda a campanha do presidente eleito, houve
especial incentivo ao porte (e ao uso) de armas. Icônica foi a imagem de uma
criança no colo do Sr. Bolsonaro. Ela foi levada por ele a simular com sua
mãozinha uma arma letal.
A justificativa bolsonarista para a facilitação do porte (e
do uso) é a autodefesa. O presidente eleito faz forte investimento emocional.
As pessoas devem perceber a violência exclusivamente como reflexo da ausência
policialesca do Estado no dia a dia das cidades. Por consequência, esta
ausência justifica a autodefesa letal por armas de fogo.
O conceito de legitima defesa foi extremamente alargado.
Alargado para que seja possível o discurso legitimante da possibilidade da autodefesa
letal. Segundo os bolsonaristas, o cidadão de bem é vítima da omissão policial
do Estado.
É fato que a população em sua grande maioria não sabe o
conceito legal da legítima defesa. A imprensa, o político eleito e os
apoiadores do Sr. Bolsonaro, não esclarecem à população este conceito tão
técnico. Ao contrário do esclarecimento, os apoiadores do porte/uso de armas estabeleceram
uma dicotomia artificial e maliciosa: de
um lado há o cidadão de bem. Este cidadão pensa e age de acordo com o conceito popular/prático/eficiente
do que seria a autodefesa garantida por lei. Do outro lado, estão os
engravatados, os políticos encastelados, os esquerdistas e os teóricos bobos.
Estes seriam os que não querem resolver de fato e imediatamente o problema da
violência.
A dicotomia é tanta que o simples fato de questionar a
solução armada da violência endêmica, já é motivo para ser visto com desconfiança:
“Então, adota o bandido e leva para casa!”.
Agora vemos no RJ o futuro governador apoiando a lei do
abate de criminosos armados. Grosso modo, seria a aceitação legal de que a
pessoa que portasse arma em atitude suspeita (nas favelas!), poderia ser
abatida por policiais à distância (Sniper). Esse projeto de lei pretende reduzir
a violência armada que tanto mata. Reduzir através da morte por tiros vindos de
longe. Armas detendo armas.
Em determinadas regiões e quando usadas por determinadas pessoas,
o porte de arma de fogo levaria à pena de morte legalmente permitida. Penalidade
imposta sem julgamento, sem nada. Novamente, a tese ampliada da legítima defesa
ressurge, agora no Rio de Janeiro. Mais ou menos assim: se o sujeito está
armado ilegalmente, por consequência se presume que vai matar alguém. Então, em
defesa desse alguém, é morto o futuro agressor (morto antecipadamente ao crime).
A premonição de um crime permitiria uma morte imediata. Novamente, não há
preocupação em entender o conceito legal de legítima defesa. É necessário apenas
agir, apertar o gatilho à distância.
A tese dos bolsonaristas: Alguns podem/devem portar/usar armas
e outros terão pena de morte se portá-las (mesmo que não as usem).
Podemos resumir imaginando: uma pistola na mão de um
cidadão de bem será permitida. O policial atirador, numa distância de um
quilômetro, vai decidir a qualidade do cidadão (se é um cidadão de bem). Caso a
pessoa não for considerada confiável, poderá ser abatida á distância. Qual o
critério? Se falamos de atiradores distantes, o referencial será a aparência externa
das pessoas. Então, pela aparência e pelo lugar, o policial vai abater... ou
não.
O paradoxo:
Afinal, os bonsonaristas querem ou não armas? Se sim, é
para todos os cidadãos e em todos os lugares? Ou para uns a arma será possível
e para outros não? A autodefesa por armas só será legítima para o cidadão visivelmente
de bem ou para todos os brasileiros? Tanto o MST quanto o militante contra o desmatamento, terão o mesmo acesso ao porte/uso de armas? O indígena e o madeireiro, idem?
Importante
e fundamental: Não falo de forma dicotômica: bandidos x
mocinhos. É obvio e já superado que delinquentes não podem portar armas.
Preciso soletrar?
Imagina agora o perfil do presidiário brasileiro. Qual sua
cor? Onde mora? Qual sua escolaridade?
Agora imagina o Sr. Silva. Ele tem as características visuais do
presidiário padrão. Entretanto, ele é trabalhador e tem família (família
tradicional). O Sr. Silva está armado (pois agora é permitido). Houve tiros. Vê
gente correndo. A polícia está por todo o lugar. Silva tem medo e saca a arma.
Ele imagina que ao ver o bandido vai atirar e matá-lo. Ajudará a si mesmo e à
polícia. Imagina que nem vai ter problemas com a justiça. Afinal, a legítima
defesa está escancarada! Tese fácil. Acontece que o atirador de elite ao ver
aquela pessoa com aquelas características, numa região conflagrada, com uma
arma na mão, não hesita. Atira e o mata na distância de mil e quinhentos
metros. É a arma do policial querendo deter a arma “do bandido”. É a construção
aloucada (criada pelo senso comum) de um conceito espúrio de legítima defesa.
O paradoxo das armas. A arma do Estado policialesco que
tenta desarmar. O porte/uso de arma permitida pelo Estado pondo em risco o
cidadão. O Estado cada vez mais violento para reduzir a violência.
O paradoxo bolsonarista fica evidente no Estado do Rio de
Janeiro. Logo será evidente no país inteiro.
precisamos levantar a bandeira do #FORABOLSONARO já , esse governo nao é legitimo de maneira alguma. não podemos passar a mão na cabeça da direita e subestimar eles, está na hora de levantarmos comitês de luta contra o golpe para defender os nossos direitos que a direita ameaça retirar. espalhem a hashtag em todas as redes sociais #FORABOLSONARO
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