Após assistir as imagens das manifestações nada patrióticas do sete de setembro, chocado, resolvi imediatamente escrever este texto. Vamos por partes para entender o meu assombro.
O fascismo nunca foi amante da lógica e da coerência em seus discursos. Por
leituras acadêmicas e psicologicamente neutras, de maneira tranquila entendi o
porquê da necessidade da ilógica fascista. Ora, para manter o líder e convencer
os liderados, vale tudo. A ilógica discursiva oscila entre o amoralismo dos
indiferentes e a imoralidade dos ativistas fascistas. O fascista ilógico pode
pregar a justiça do povo massacrando a população. Tranquilamente pode falar de
justiça em tribunais viciados. Entretanto, a estética fascista é (ou era!) bem
coerente: sempre arrogante, masculina/homofóbica, empoderada e violenta. Entretanto
o fascismo brasileiro rompeu totalmente com qualquer coerência, seja nas falas,
seja na aparência. Vou explicar.
O fascismo pátrio arroga para si o exclusivo e verdadeiro amor à pátria. Diz
amar nosso país e seus símbolos. O pátrio extremista se veste de verde e
amarelo e afirma: nossa bandeira jamais será vermelha. Não são, de maneira nenhuma,
melancias (verdes por fora, vermelhas por dentro). As melancias são o perfeito
exemplo dos vermelhos comunistas, que se vestem de patriotas, mas que traem a
nação em surdina. Os comunistas são traidores covardes da pátria!
Segundo os extremistas nacionais, o amor fascista patriótico não é
explicável. Sente-se e pronto. É como quando alguém ama outro alguém de forma
repentina. Cai-se enamorado! Não há explicação. Por isso, não há que procurar
explicações científicas para o amor patriótico. A ciência macula este amor
quando expõe este sentimento ao microscópio da sociologia. O patriótico
extremista não se explica, ele é e pronto. O genuíno fascista odeia livros e a
ciência. Afinal, estão inexplicavelmente enamorados da pátria!
Mas até para o extremista brasileiro há um limite para sua ilógica mental! No dia sete de setembro, entre nossos fascistas, a bandeira verde e amarela oscilava graciosamente em forte abraço com a bandeira vermelha: a americana! A postura visual máscula do fascista nacional estava no auge! Majestosamente admirava seu novo amante! O vermelho trumpista! Como disse o ex-líder nacional mega hétero: “I love you Trump!” Exaltados, os amantes das loucuras do líder americano, saudavam a bandeira vermelha. Mas não só isso, gozavam a expectativa de que seu amor estrangeiro logo massacre economicamente o Brasil. Na verdade, gostariam mesmo de uma invasão estadunidense!
Aqui está a ilógica fatal!
Agora, caberá aos fascistas nacionais arranjar uma explicação (i)lógica
para tal amor pelo inimigo econômico do nosso país! Haja argumentos insanos!
Haja imaginação execrável para ajustar sua conduta traiçoeira ao verdadeiro patriotismo
e ao amor à pátria genuíno.
Confesso: repugnou-me! Afinal, não estou apenas estudando em livros sobre
as ilógicas fatais dos extremados. Estou vendo diariamente os fatos ocorrendo.
Parentes, conhecidos e ex-amigos estão por aí envoltos em verde e amarelo
nacionais, mas também vestem orgulhosamente o vermelho estadunidense.
Como explicar a algum incauto viajante alienígena tais contradições?
Melhor nem explicar e manda-lo embora logo. Afinal, os fascistas poderiam
ama-lo, traírem a Terra e acabariam por ostentarem a bandeira de seu planeta
para poderem desfilar com ela.
Nenhum comentário:
Postar um comentário