Prof. Amilcar Bernardi
Para Epicuro o prazer
rege o comportamento dos homens. Tendemos naturalmente ao prazer. Instintivamente
fugimos da dor e procuramos o prazer. O ser humano ao buscar o prazer procura
uma felicidade natural. Mas, segundo Epicuro, é impossível gozar todos os
prazeres e evitar todas as dores. Desta forma só existiria o prazer possível. É
necessário fazer uma ponderação e uma escolha inteligente.
Para Epicuro a
infelicidade é típica do ignorante, visto não saber livrar-se dos temores, que
sempre são infundados, nem saber calcular quando deve abraçar a dor e quando há
de entregar-se ao prazer.A virtude, para Epicuro, por ser meio, é escrava do
prazer e é alcançada pelos passos sucessivos expostos a seguir:
1.Inteligência, prudência
- Ela proporciona o verdadeiro prazer e busca evitar a dor; nela radicam as
virtudes, porquanto o discernimento dos verdadeiros prazeres é obra da
reflexão, de uma regra de razão e cálculo. A prudência é superior à própria
filosofia.
2. Calculismo - que
consiste em ponderar o que realmente é vantajoso, pois, às vezes, se faz mister
suportar uma dor, quando podemos auferir dela um prazer maior. Por esta razão,
ninguém pode entregar-se, logo, aos deleites do prazer embora todo o bem e todo
o mal só existam na sensação.
3. Autodomínio - Evita o
que é supérfluo. Por este termo, Epicuro entende os bens materiais, a cultura
sofisticada e a participação política.
4.Justiça - Deve ser
buscada por causa dos frutos que produz. Justo é quem usufrui plena
imperturbabilidade. A justiça, resultado de convenção social, foi estipulada,
para que não haja prejuízos recíprocos entre os homens.
Segundo os epicuristas há
um só tipo de relação social possível, a amizade. A amizade representa um bem
precioso e torna a vida feliz. Ela (a amizade) sempre teve apreço especial de
parte de Epicuro.
É como um programa para
a busca e a conquista da eudaimonia, identificada com o prazer verdadeiro
(hedoné) que o epicurismo desenvolve sua antropologia. Ela se orienta no sentido de tornar
possível no homem, o estado da imperturbabilidade (ataraxia), condição da
fruição estável do prazer. Para tanto é necessário que a razão humana seja
conduzida retamente, tarefa que compete à lógica ou “canônica” (kánôn) da
razão; que o universo seja compreendido corretamente (...).
Em oposição ao
intelectualismo platônico-aristotélico, Epicuro vai buscar inspiração no
materialismo atomista de Demócrito, e a sua antropologia é, pois,
rigorosamente, materialista. Lima Vaz, Henrique C. de Lima. Antropologia
filosófica. Edições Loyola, São Paulo. 1991. Pág. 52
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Seguindo o mesmo
raciocínio busca-se a amizade não somente por motivos utilitários, mas,
principalmente porque a amizade busca dar aos outros o que temos de riqueza e
de bondade. Estas relações, mesmo nascendo da utilidade, são altruístas e nos
tornam dispostos a nos sacrificarmos pelo outro. Para os Epicureus a amizade é de suma
importância, pois é um bem que proporciona felicidade análoga à usufruída pelos
deuses. E mais, quando o homem está com a consciência tranquila, está em
amizade consigo mesmo. Anda em boa companhia.
Amizade é o respeito à
pessoa, Epicuro queria que cada um vivesse intensamente sua vida deixando os
outros viverem as suas. Cada um devia ser senhor de si mesmo, dominando as
paixões, dominando o destino.
Os epicuristas diziam que
os sentimentos são dois, o prazer e a dor. O prazer é conforme a natureza e a
dor é sua contrária. Escolhemos algo ou algo rejeitamos baseados nesses
parâmetros.
Na sua doutrina afirma que os males praticados pelos homens têm como causa o ódio, a inveja e o desprezo. Estes são elementos dominados pelo sábio por meio do raciocínio. O sábio não é um falastrão nem se envolve em disputas políticas. Entretanto, não desiste de sua filosofia, não trai os amigos e não dá importância se é rico ou pobre.
Na sua doutrina afirma que os males praticados pelos homens têm como causa o ódio, a inveja e o desprezo. Estes são elementos dominados pelo sábio por meio do raciocínio. O sábio não é um falastrão nem se envolve em disputas políticas. Entretanto, não desiste de sua filosofia, não trai os amigos e não dá importância se é rico ou pobre.
A finalidade de nossas
ações é nos livrarmos do sofrimento e do temor, atingindo esse objetivo
desaparece toda tempestade da alma. Adverte o filósofo, a criatura não tem
necessidade de buscar o que lhe falta, sentimos necessidade do prazer somente
quando sofremos pela ausência dele. Os prazeres não são iguais. Alguns nos proporcionam um aborrecimento maior. Também alguns sofrimentos
são superiores aos prazeres. A submissão aos sofrimentos por um longo período
nos traz como consequência um prazer maior.
Nem todo o prazer deve
ser escolhido nem toda a dor é um mal!
É preciso uma espécie de cálculo. Arroz e feijão é melhor que qualquer outro alimento para quem tem fome! Esta lógica deixa claro que Epicuro não quer a voluptuosidade ou gozos sensuais somente, quer entender o prazer como ausência de sofrimento no corpo e ausência de perturbação na alma. E´ um cálculo sóbrio que investiga as causas das escolhas e das rejeições. Para aclarar as decisões utiliza-se da sabedoria, a filosofia. Ela ensina que não se pode levar uma vida agradável se não se vive com moderação e justiça. Não esquecendo que Epicuro considerava as dores da alma piores que a do corpo. A carne sofre apenas no presente, a alma sofre pelo presente, pelo passado e pelo futuro. Seguindo esta lógica, por consequência, os prazeres da alma são maiores que os do corpo.
É preciso uma espécie de cálculo. Arroz e feijão é melhor que qualquer outro alimento para quem tem fome! Esta lógica deixa claro que Epicuro não quer a voluptuosidade ou gozos sensuais somente, quer entender o prazer como ausência de sofrimento no corpo e ausência de perturbação na alma. E´ um cálculo sóbrio que investiga as causas das escolhas e das rejeições. Para aclarar as decisões utiliza-se da sabedoria, a filosofia. Ela ensina que não se pode levar uma vida agradável se não se vive com moderação e justiça. Não esquecendo que Epicuro considerava as dores da alma piores que a do corpo. A carne sofre apenas no presente, a alma sofre pelo presente, pelo passado e pelo futuro. Seguindo esta lógica, por consequência, os prazeres da alma são maiores que os do corpo.
A ética epicurista,
assim como a estoica, postulava como princípio básico a felicidade (eudaimonia),
obtida pela tranquilidade ou imperturbabilidade (ataraxia), porém divergia
dos estoicos quanto ao caminho para chegar a essa felicidade. Os epicuristas
valorizavam a inteligência prática (phronesis), considerando não haver
conflito entre razão e paixão. O homem age eticamente na medida em que dá
vazão a seus desejos e necessidades naturais de forma equilibrada ou
moderada, e é isso que garante a ataraxia. (...) Ao contrário, a ética
epicurista prega a austeridade e a moderação, mas não a supressão dos
prazeres e desejos que são expressões de nossa natureza. Marcondes, Danilo. Iniciação à história da
Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein, Rio de Janeiro, 2004. Jorge
Zahar Editora. Pág.93
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Epicuro cuidava da alma. O discípulo
Diógenes resumiu a sabedoria do mestre em quatro “remédios” de cunho bem
prático: 1) Os deuses não devem ser temidos; 2) A morte não deve amedrontar; 3)
O bem é fácil de ser obtido; 4) E o mal, fácil de suportar.
Mesmo reportando-se ao prazer, não é
possível confundir o epicurismo como hedonismo.
O epicurismo não quer o prazer imediato e como valor em si mesmo. O
prazer dito por Epicuro não é, como já deixamos claro, ceder as paixões e
usufruí-las à exaustão.
Palavra formada a partir do grego,
edonê, que significa prazer. O hedonismo é uma doutrina que defende que o
prazer é o meio correto para atingir o objetivo supremo do homem, a saber, a
felicidade; felicidade esta que tem como essência precisamente o prazer. A
moral, para o hedonista, deve ser ordenada segundo o modelo que é dado pela
busca do prazer, quer dizer, é considerado moral tudo aquilo que dê prazer e
imoral tudo o que faça sofrer. Esta doutrina resulta da observação de que
todos os seres buscam o prazer e tentam escapar ao sofrimento.
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