As informações estão nos ares cibernéticos e midiáticos. Na ponta dos dedos ao teclar, e na retina ao
ver e ler o mundo, está tudo o que a humanidade pode informar. Está ao alcance
dos sentidos e quase de graça. Dá uma
enorme vontade de dizer que só não aprende quem não quer.
Os alunos são surfistas nas águas das informações. Pegam suas pranchas
“internéticas” e surfam nas melhores ondas, é claro. Escolhem aquelas que darão
mais emoções. Vão até aquelas que os estimulem a mais surfar. Ondas chatas,
pequenas, previsíveis e ritmadas não são as preferidas. Não importa a qualidade
do conteúdo, mas a força da onda!
A escola é ritmada. Vai das ondas pequenas às maiores. Dá para surfar
nas ondas escolares, mas a adrenalina é geralmente pouca. O ambiente é
controlado e quer ser eficiente. A escola é segura e previsível. No início da
vida, nós mamíferos, somos dependentes da segurança da mãe por muito tempo para
aprendermos a crescer. Hoje, mesmo os alunos sendo modernos e tecnologizados,
aprender a crescer ainda tem de ser num ambiente seguro (a escola).
Sabemos que ensinar não pode ser apenas entrar em contato com as ondas
de informações. Isso porque, como já foi dito, elas estão em todos os lugares
soltas, jogadas, sem nexo; um perigo! O que se exige é que as instituições
escolares ensinem aos jovens a serem críticos, estudiosos, que tenham
sociabilidade, que aceitem as diferenças, que sejam pessoas que saibam dialogar,
que saibam posicionarem-se, que sejam polidos e que sejam bons cidadãos.
Por isso, as
escolas estão sendo chamadas a ensinar os jovens a serem políticos, e não
surfadores de informações midiáticas. Claro que me refiro ao termo política da Grécia clássica, ou seja, a
arte de encontrar o bem nos procedimentos relativos a cidade. Para isso, os
sofistas ensinavam a retórica (argumentar bem) e os filósofos falavam da ética
(vida justa entre muitos). Segundo os
clássicos, ser um sujeito político é saber viver bem na cidade, é aceitar os
limites da lei e da ordem estabelecida pela maioria. Para que seja possível
encontrar um sentido para o jovem crescer em sociedade, num oceano caótico de
informações a ele disponível, é necessário que os educadores incentivem
reflexões políticas, éticas. Afinal, as informações estando liberadas em grande
quantidade, tornou-se de suma importância saber o que fazer com elas para o bem
de todos.
Caso minhas
reflexões sejam verdadeiras, é preciso que todos percebam isso claramente, sem
hipocrisias. Digamos aos educadores: ensinem
mais a discernir o bem coletivo e menos os conteúdos desconectados da vida em
sociedade.
Então, assumamos
os riscos disso e pronto. O que não pode acontecer é pedir cada vez mais que os
professores deem informações aos alunos (competir com a internet?). Nem é
possível acrescentar mais responsabilidades às instituições escolares já
assoberbadas. A sociedade não pode pedir o que desvirtua a principal finalidade
das escolas, que é aprendizagem de uma vida ética através dos conhecimentos
acumulados.
Surfar pelas
informações está cada vez mais fácil. Mas, ser ético e viver de uma maneira
politicamente saudável, está cada vez mais complicado.
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