Prof. Amilcar Bernardi
A internet trouxe uma aceleração incomensurável para o fluxo de informações e contra-informações. As grandes redes televisivas não conseguem sequer acompanhar a velocidade do que está sendo informado nos blogs, no Face, no Twitter e nas redes similares on-line. O colapso é ainda maior porque, as grandes mídias tradicionais são movidas a peso de ouro. Qualquer programa televisivo ou até jornal impresso, depende dos anunciantes. Suas estruturas são complexas, lentas, caras, dependentes de patrocínios. Cada informação dispensada por tais empresas são como canhões, tem grandes impactos. Portanto, estão sujeitas a processos judiciais caros, longos e muitas vezes com desfechos injustos.
A grande imprensa tem uma relação incestuosa com a política partidária, muitas vezes para poder sobreviver. Movem imensas quantidades de capitais e promovem crescimento econômico, porém, um revés na economia globalizada e o pior pode acontecer. Os leitores, ouvintes ou telespectadores são clientes antes de tudo. As notícias têm que serem apresentadas de maneira a minimamente agradar pela qualidade e beleza. Além disto, se for TV, depende de toda uma parafernália para que o sinal seja de qualidade. Se jornal, até seus entregadores são importantes. Nas grandes empresas do ramo a notícia é meio para um fim, a manutenção da empresa e, preferencialmente, não só manter, mas dar lucro. As mensagens são impessoais, mas, têm que agradar as pessoas, indivíduos com gostos irrepetíveis e cada vez mais exigentes.
No ciberespaço o trabalho das mídias off-line está sendo capilarizado e pessoalizado. Pessoalizado porque as pessoas acrescentam às notícias das grandes mídias suas experiências, expectativas e críticas. Os indivíduos vão para seus Pcs e refazem, personalizam, colorem as informações e passam adiante pela rede. Os internautas, polinizadores, dão (re)vida ao comunicado pela grande imprensa e repassam um tanto de si junto com as informações. Os cidadãos cibernautas não querem patrocinadores, não tem mega estruturas e nem querem convencer. Armados com seus laptops vão à luta, como beija-flores com pólen nas patas, voam por aí polinizando livremente. As pessoas comunicam agora de maneira personalizada, recriando. Comunicam pelo prazer de comunicar, de fazer-se ouvido, de fazer parte de uma gigantesca rede informacional. Teclam sem saber para quem. Teclam para outros teclados reteclarem. Fazem crítica contundente, provocam medo nos poderosos. Não precisam prestar contas para ninguém nem produzir textos elaborados. Isto porque não tem consumidores do outro lado do monitor. São livres. Se não gostam bloqueiam ou deletam. Se gostam, viram seguidores e recomendam sites, blogs e pessoas do Twitter. Neste mundo de ninguém, todos são donos dos seus narizes, ninguém deve nada para ninguém.
O mundo ciberinformacional é cheio de perigos. Tudo que é dito precisa ser checado. Como todos são dignos de serem ouvidos na rede, todo o cuidado é pouco. Porém, os cibernautas são coerentes com seus modos de pensar. Não teclam o que não querem teclar. Comunicam por prazer. Comunicadores e receptores se confundem na velocidade on-line: ao mesmo tempo que recebem, emitem. Tudo a um tempo só. Neste sentido a verdade pessoal se apresenta nua e crua. Desde que eu tenha bom senso, digito o que quero digitar. A censura inexiste. Ninguém deve nada a ninguém.
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