Uma maneira eficiente, porém trabalhosa de matar árvores, é impedir
que suas raízes se alimentem. Demora um pouco, é preciso alguns cuidados para
impedir que as raízes achem nutrientes, mas com certeza ela morrerá
silenciosamente. Secará, cairão as
folhas, o verde desaparecerá até que morra totalmente.
Outra obviedade: se eu tenho uma padaria, fico muito preocupado com os
cursos de formação de padeiros. Porque se as pessoas não quererem fazer mais
pães, ou fizerem pães ruins, como vou sobreviver? Eu vivo de pães! Uma
sociedade que não sabe fazer pães, esta fadada a não ter cafés da manhã
gostosos! Ela começará a reclamar da ausência dos pães, sem reclamar da
ausência dos padeiros! Credo! Esses
parágrafos são óbvios demais!
Coisas evidentes muitas vezes se tornam invisíveis
por parecerem insignificantes. As pessoas não estão vendo o que está
acontecendo ante nossos olhos. Se a educação fosse uma árvore, os educadores
seriam as raízes. Fácil entender que a
educação formal é feita de professores. Então, basta olharmos para o número
destes profissionais e fica mais claro ainda o problema. Cada vez temos menos
gente querendo ser professor. As universidades não conseguem captar candidatos
nesta área da mesma maneira que outras áreas captam. É só ver os números. Se a
educação fosse árvore, estaria morrendo pelas raízes, de fome. Se a escola
fosse uma padaria, faltariam padeiros. E mais, pouca gente desejaria fazer o
curso de padeiro, mesmo querendo pães muito gostosos!
A sociedade cobra muitas coisas. Porém, esquece de cobrar um
tratamento digno aos professores. As pessoas até clamam por uma educação melhor
e não lembram dos educadores. Não podemos ser hipócritas, é preciso aumentar
salários, como é preciso aumentar o número de vagas para os alunos. Mais necessário
que o Estado qualificar o professor e bem mais urgente, é dar as condições salariais para que possa
ele mesmo qualificar-se.
O mestre não quer nada de graça. Ele quer dignidade. Continuo dizendo obviedades.
O mestre não quer nada de graça. Ele quer dignidade. Continuo dizendo obviedades.
Temo por meus netos. Quem serão seus professores? Haverá professores?
Qual a qualidade das vivências culturais dos que se candidatarão à
docência? As respostas são óbvias também,
mas não quero escreve-las. Vou deixa-las doendo no meu peito de professor.
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