Minha
formação moral e ética teve início na minha infância. Foi pautada nos
princípios cristãos. Meus pais desde sempre, na minha educação, orientaram-me
no princípio do amor ao próximo. Na minha pré-adolescência, tive contato com a
biografia de Gandhi. Fiquei maravilhado, e sob o ponto de vista da minha
formação, fez todo o sentido para mim as convicções dele. A não violência combinava perfeitamente, em
seu sentido revolucionário, com o amor transformador proposto por Cristo. Na
universidade, minha primeira formação foi em Filosofia. Nela encontrei fortes
fundamentos para minha devoção à dignidade da pessoa humana e ao meu apreço à
vida. Na faculdade de Direito, minhas convicções sobre a justiça e sobre os
Direitos Humanos se fortaleceram. Portanto, não sou novato na trilha do
respeito às pessoas. Respeito qualquer ser humano. Inclusive, sinto forte apelo
a ser militante a favor da vida planetária. Ser adepto da bioética é bem mais
amplo que cultuar uma antropoética. A vida humana é apenas mais uma entre
tantas outras vidas!
Faço esse
texto falando sobre mim. Assim não ofendo ninguém falando diretamente sobre
pessoas individualmente. Não é covardia. É uma forma diplomática que encontrei
para não agredir.
Não consigo ser
amigo ou conviver com pessoa diametralmente contrária a formação que tive. Não
posso sequer imaginar abraçar, contar segredos, brincar e trocar afeto com quem
prega a morte de pessoas. Não conseguiria amar quem não ama o próximo. Até por
que o próximo dessa pessoa sou eu também. Não consigo sair para passear com
alguém que prega a violência. Sair com esse tipo de pessoa seria escolher o
risco de ver-me implicado em brigas, murros e baixarias. E se for uma pessoa
que adora armas e as porta? Nem pensar! Seria escolher passear com um possível
homicida. E se essa pessoa for homofóbica?
Correria o risco de eu rir de suas piadas ou a tolera-las. Ou pior: ver a
pessoa agredir alguém. É o mesmo problema se for racista ou xenófoba. Para
manter essa amizade, eu teria que não defender meus princípios, nem defender os
agredidos. Para mim é impossível.
Não me
considero melhor do que ninguém, mas não consigo aceitar a convivência com humanos
que são desumanos. Essa convivência é uma
contradição comigo mesmo.
Estou
imensamente angustiado. Pessoas que conheço apoiam o candidato que representa
tudo o que eu não quero ser, que propõe a barbárie. Fico com o coração
apertado. São pessoas que querem que meu país seja aquilo que eu não quero ser.
Quando estas pessoas percebem o que penso, dizem: então não vamos falar de política. Fico mais aturdido ainda! Não
falar de política é apenas evitar falar dos desejos incivilizatórios deles! Não
falar desses desejos não os fará sumir.
Os silêncios
são valores interditados. Os silêncios versam sobre o que as almas
comportam. Os silêncios incomodam. Não
quero ser silenciado para manter pessoas ao meu redor. Então, afasto-me.
Cada vez mais
fico convencido que meu lugar é entre os que querem a paz, o amor, a não
violência.
Aos que não
convivem mais comigo, deixo um abraço e meu forte desejo que sejam felizes e
mais, bem mais, amorosos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário