domingo, 22 de maio de 2016

Elementos conceituais de liberdade



A liberdade



Em um primeiro momento parece que temos a certeza da ausência da  liberdade. Pensamos a liberdade não porque a sentimos, mas porque temos falta dela. Sempre foi assim. Ela parece ser uma utopia, algo como um horizonte que nos faz viajar para o futuro. Mesmo que não conheçamos a verdade da liberdade, ela é a esperança que nos faz lutar por um amanhã melhor (e já que estamos falando em liberdade, cada um é livre para definir o que é um amanhã melhor).
Para Jean-Paul Sartre, a liberdade é o próprio fundamento do ser do homem. Ela está na raiz de seu comportamento, porque sempre temos que escolher. Nesse sentido o homem é essencialmente livre, não pode abdicar da liberdade. Para Sartre, o homem está condenado a ser livre. Segundo esse autor, somos totalmente livres.  Isso porque não posso escolher mais ou menos entre duas ou mais coisas.  Mas não escolhemos livremente sem consultarmos nosso contexto de vida. Primeiro aceito quem sou e após livremente escolho fazer o que quiser de mim. É uma liberdade vivida: sujeita-se às condições do nosso dia a dia.  A possibilidade de liberdade é construída a cada momento: na aceitação das determinações das quais não se pode fugir e na luta contra as determinações que podem ser superadas.

Sozinho é possível ser livre. Em sociedade também é?

Numa ilha é fácil. Quero ver numa metrópole. Sem ninguém por perto faço o que quero. Mas quando estou com outras pessoas, estou limitado no meu agir.  Segundo Aristóteles o homem é um animal social. Com isso podemos deduzir que sozinhos nem homens seríamos! Portanto, a questão da liberdade solitária é impossível. Forçosamente para sermos gente temos que compartilhar a vida, os espaços, os sonhos, as alegrias....  Sem pessoas sou escravizado pela solidão.
Portanto, é na prática que se constrói a liberdade, a partir dos desafios que os problemas do nosso existir apresentam. Sermos livres significa termos imaginação criadora e a capacidade de invenção. Para conviver é preciso criar a liberdade possível. A liberdade é transformadora das relações entre pessoas e entre pessoas e a natureza. Nada está pronto.

Se abandonarmos a ideia de liberdade, teremos de abandonar a ética, a moral, o direito, a cultura e tudo o mais que deriva de atitudes humanas propriamente ditas; a ética e o direito seriam imediatamente abolidos, e ninguém poderia ser culpado por suas ações.
Texto de Ricardo Timm de Souza. Revista Mundo Jovem. junho 2004. Edição número 347


Liberdade ética

                    Podemos falar em liberdade no sentido ético, quando nos referimos ao sujeito moral consciente, capaz de decidir com autonomia a respeito de como deve se conduzir em relação a si mesmo e aos outros. Kant dizia que a liberdade consiste na obediência às leis que o próprio sujeito moral se impõe.
Ser autônomo é uma situação de muita exigência, é um desafio que muitas pessoas não conseguem suportar. Os riscos de enganos, a intranquilidade, a angústia da decisão e a responsabilidade que o ato livre acarreta, fazem com que a liberdade seja considerada um pesado encargo. Por isso há tantos que a ela renunciam, para se acomodarem na segurança das verdades dadas.
Abandonar-se aos desejos parece ser uma coisa bem fácil. Entretanto, seria algo terrível. Para sermos instintuais teríamos que nos despir de toda a moral, de toda nossa vivência social. Não valoraríamos mais nada além da satisfação dos nossos ímpetos impensados. Dá para imaginar como seria impossível viver num mundo assim. Podemos então perceber que valorizar alguns comportamentos e limitar outros é uma tarefa difícil, humana e dolorosa. Não podemos ser totalmente livres... seríamos escravos dos nossos desejos. Mal negócio, não? Que a ética seja bem-vinda!

Instinto é uma energia da mente que expressa as necessidades do corpo e de tudo que valoriza a vida corporal. São eles que nos fazem reagir e agir quando levamos um susto, por exemplo. Claro que no nosso dia a dia não é bem assim. Posso lá no fundo de mim estar com muita vontade de fazer algo, mas minha formação cultural e moral vão filtrar se vou ou não realizar o que quero e se for possível realizar, como vou fazê-lo.



Livre Arbítrio - Santo Agostinho


Adaptado do site http://www.significados.com.br/livre-arbitrio/ Acesso em 08/03/2014)


Muitas vezes a expressão livre arbítrio, tem o mesmo significado que a expressão liberdade. No entanto, Santo Agostinho diferenciou claramente esses dois conceitos. O livre arbítrio é a possibilidade de escolher entre o bem e o mal; enquanto que a liberdade é o bom uso do livre arbítrio. Isso significa que nem sempre o homem é livre quando põe em uso o livre arbítrio, depende sempre de como usa essa característica. Assim, o livre arbítrio está mais relacionado com a escolha que a pessoa faz. O livre arbítrio é uma faculdade. 

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