Ao ouvir esta afirmação malévola, quase gritei: Eu nunca quis matar ninguém!
Ao ouvir esta
infâmia, esta ofensa à humanidade do homem, lembrei dos professores do Ensino
Fundamental, ensinando às crianças a não judiar dos bichinhos, a não cantar “Atirei
o pau no gato-to- to...”.
Lembrei das
aulas de direito, onde aprendi a sequer pensar em “bandido bom é bandido morto”.
Lembrei do meu
pai, militar, que falava da vida e do cristianismo.
Lembrei do meu amigo Dr. Edson Domingues, ilustre advogado. Amigo sábio, ponderado e extremamente justo. Não! Ele não deseja a morte de ninguém!
Lembrei de todas
as aulas de filosofia que assisti enquanto estudante, e das aulas de filosofia
que ministrei aos jovens. Não percebi ninguém desejando matar alguém.
Lembrei de
quando sofri um acidente de moto, e os bombeiros foram chamados, e fui
socorrido maravilhosamente. Não, certamente não havia desejo de matar alguém
naquelas pessoas.
Há pouco minha
amada mãe morreu. Uma equipe inteira lutou pela vida dela. Eu odiei a morte. Amei
mais ainda a vida.
Quando ensinei
meu filho a não arrancar a plantinha bonita para apenas satisfazer seu desejo,
eu vi nos olhinhos dele o respeito pela vida.
Mas não falo só
por mim. Estou cercado de pessoas que, até onde eu sei, nunca desejaram matar
outra pessoa. Quem está ao meu redor, não acha a vida banal a ponto de
naturalizar o desejo de sua destruição.
Lembrei da falecida Irmã Terezinha Lovato, maravilhosa e amorosa diretora de uma escola. Trabalhei com ela
quatorze anos. Não! Nunca passou pela cabeça de pessoa tão delicada o desejo de
matar.
Lembrei que já
fui assaltado. Usaram facas. Ali na chamada Praça dos Bombeiros. Estes sim,
aceitaram a possibilidade de matar. Mas eu, não! Quando contei para meus pais,
também não tiveram esse desejo.
Quem tem desejos
de matar, faz parte de uma triste minoria ou de uma minoria triste.
Desprezo quem
deseja a morte de alguém. Mesmo que não mate de fato. Este desejo funesto já
matou a alma de quem o cultua. Não os
quero perto de mim. Mas não os quero mortos. Quero-os vivos e bem tratados.
Acredito que muitos, rodeados de vida, aprendam a rejeitar os desejos mortais.
Os seres humanos
aprendem. Se alguns aprendem a desejar a morte de outros, a maioria aprende a
amar a vida.
Enfim, Sr.
Flávio Bolsonaro, sinto pena de você que naturaliza a morte. Que vive entre desejos
tais. Tenho pena, pois ninguém ensinou o senhor como é maravilhoso não ter tais
desejos. Sinto pena e desprezo. Mas não
desejo nada de ruim ao senhor. Apenas gostaria que o senhor tivesse a
aprendizagem que eu e meus amigos tivemos. Aprendemos a amar a vida.
Tenho muita
pena. Coitadinho do senhor. Não sabe amar.
Fica a dica para
o senhor: troque suas companhias. Ande com quem tenha desejos de vida e de
amor. Conviva com pessoas menos apegadas ao poder e ao dinheiro. Quem sabe
ainda aja chances de o senhor se tornar uma pessoa melhor, bem melhor!