quarta-feira, 15 de maio de 2013

Entre o analógico e o digital: falsa escolha



Prof. Amilcar Bernardi


Há bastante tempo escuto/leio a questão: velocidade analógica versus velocidade digital, professor que sabe pouco no mundo informacional do século XXI versus nativos digitais que sabem muito. São questões que se prestam a profundas discussões, porém, penso que partem de premissas que reputo como falsas, ou no mínimo, carentes de fundamento.
Caso façamos uma pesquisa sobre a idade dos que anunciam a dominância do mundo digital sobre o analógico na educação, são os nascidos na cultura pré-digital, ou ainda incipientemente digital, que apregoam as benesses das tecnologias cibernéticas. Talvez um ou outro pensador seja bem jovem, mas na grande maioria são pessoas culturalmente vinculadas a prevalência dos cadernos, dos quadros e dos gizes: na maioria migrantes digitais, portanto.  Digo isso porque quero salientar que, no caso da educação contemporânea, a ideia de tempos (tempo da máquina de escrever X tempo dos supercomputadores) é infundada.
Quando ensinamos sempre é “hoje”; afinal, somos filhos e contemporâneos do ontem. Contemporâneos porque os avós, os pais e os filhos estão assistindo ao espetáculo das aulas: hoje! Tem professor que é pai, que é avô e tem também, o professor muito jovem, recém-formado. Todos vinculados às salas de aula! Portanto, o ensinar/aprender de ontem e o de hoje não se excluem. Tenho certeza que saber a tabuada através do quadro de giz ou por um blog, só leva em consideração a importância de saber a tabuada. O aluno que se motiva através da escrita desta tabuada no caderno, é tão “normal” quanto o motivado pela lousa digital. A motivação depende pouco dos meios físicos ou tecnológicos, depende bem mais dos fatores humanos. Alguém motivado (internamente) tende a motivar outra pessoa. Com isso, obviamente, não estou negando as TICs; apenas relativizando as “odes” feitas para elas.
Eu era praticante de uma arte marcial. Eu tinha como estímulo o desejo de sucesso numa luta entre iguais. Nessa luta a criatividade, a previsão (antevisão) do golpe do adversário é fundamental. Mas como chegar a esse patamar? O foco. É necessário ajustar o foco no treinamento para ser “randômico” na luta. Na verdade, o foco, a multivisão e a criatividade são a mesma coisa para obter o sucesso na arte marcial. Porque disse isso? Porque acredito que o aprender escolar segue a mesma problemática: foco e criatividade irmanadas; inseparáveis. Então, tanto o acesso ao conhecimento focado e o acesso “randômico”, digital e multifocal a esse conhecimento são inseparáveis na arte de aprender a aprender. Caso o professor escolha apenas uma das opções, não obterá sucesso.
Aprendi no século passado que as aprendizagens (e as ensinagens por consequência) são múltiplas, infinitas até. Então, todas as formas de ensinagem ainda são válidas, sejam as virtuais, as analógicas ou as contadas pelo índio mais velho ao mais novo. E digo mais: todas as formas de ensinar/aprender acontecem em todas as aulas, em todos os tempos e em todas as disciplinas, independentemente se da parte do professor, se da parte do aluno, se no livro, se nos espaços cibernéticos.



Imagem: http://instinctalternative.blogspot.com.br/2010/07/projeto-ciberneticos-tron.html

segunda-feira, 29 de abril de 2013

A escola baseia-se na mística e na confiança

Prof. Amilcar Bernardi

Quando os pais escolhem uma escola para seus filhos, na verdade depositam nela fé e esperança. Ambos os sentimentos são “sentidos” antes de frequentá-la. Quem escolhe, escolhe com um pé no presente e o outro no futuro. A escola que escolhemos hoje deve nos deixar seguros na sua estabilidade pedagógica, para que amanhã possamos manter nela nossos filhos. Esses sentimentos bastante irracionais como a fé e a esperança, podem ser resumidos na palavra: confiança.
Se não confiarmos, não poderemos escolher esta ou aquela instituição de ensino. Confiança tem a ver com a manutenção de uma conduta por um determinado tempo.  Uma escola que mude seu plano global, sua filosofia anualmente, com certeza será menos confiável. Da mesma forma, se o quadro de professores não se mantém, é uma preocupação importante. Em ambas as situações hipotéticas a desconfiança cresce. Um “tanto” de estabilidade e um “tanto” de rotina faz com que confiemos mais, ou no mínimo, faz com que nossas escolhas atuais possam se manter no tempo.
A tensão entre a permanência de um jeito de ser da escola e a velocidade das mudanças no sec. XXI, é uma questão chave. Como a escola se posiciona nessa tensão trará a (des)confiança. Se ela ficar petrificada, sem mudanças, morre inerte. Se mudar sem reflexão, rápida, perde credibilidade e... morre também. Escolas são ambientes que se justificam pela confiança, pois educar e confiar são um binômio inseparável.
Portanto, não creio nos que falam que todas escolas são lentas, ainda medievais porque não mudam no ritmo da modernidade. Penso que a velocidade da confiança não é a mesma velocidade da modernidade. Não podemos esquecer que estamos num tempo de inconstâncias, de medos e desconfianças. Caso a escola siga este mesmo ritmo, sofrerá dos mesmos males.
A racionalidade que acompanha a escolha por esta ou aquela escola é muito especial. Escolhemos por uma mística que exala da filosofia que sustenta a instituição escolar, que a faz única. Disse por duas vezes a palavra “mística”, porque ela sugere algo de mágico, misterioso. Ao escolher, antes de tudo acreditamos, mesmo que por caminhos mentais aparentemente racionais. Digo aparentemente porque passamos a confiar, a crer numa proposta e desacreditamos em outras tão racionais e lógicas quanto a por nós escolhida. Esse mistério que nos vincula a uma proposta educacional só se mantém enquanto nela tivermos confiança.
Não podemos igualar a velocidade das mudanças escolares às mudanças tecnológicas e às invencionices metodológicas. Muito da desconfiança que as pessoas nutrem umas pelas outras, tem relação com as mudanças aceleradas que nossa cultura sofre. As escolas não podem sofrer do mesmo mal. O mistério que nos mantém engajados a esta ou aquela instituição educacional é o cerne da educação escolar. A fé e a confiança tem seu tempo próprio. Acelerar é apostar no consumismo e na desconfiança que inspira tudo que é perecível, mutante e, portanto, irrelevante.



sábado, 30 de março de 2013

Saudades antecipadas

 Prof. Amilcar Bernardi

É uma relação de longa data. Sinto especial angústia porque não durará muito tempo. Muitos dizem que essa relação está fadada ao desaparecimento, apesar de ser uma relação já longeva. A tecnologia digital estaria tornando obsoleto o papel.
 Quando leio o jornal impresso, uma eletricidade quase sensual percorre meus dedos. Talvez porque quando eu era adolescente, quase criança ainda, adorava ler a biografia dos grandes poetas brasileiros, os clássicos, como Castro Alves, Fagundes varela, Cruz e Souza. Percebi que na época desses poetas, os jornais alimentavam a vida deles. Os impressos davam vida pública aos escritos deles. Eu então, inspirado por tais biografias, sonhava em ser como eles. Para isso desejava escrever para jornais, ter uma coluna opinativa.
Pois é, meu primeiro emprego foi num jornal de Santa Maria! Estudante ainda, eu era humilde vigia nesse jornal. Não estudava jornalismo, mas sim Filosofia. Meu lugar de trabalho era bem longe da redação! Mas logo comecei a escrever, por gentileza do jornalista responsável, pequenos artigos nos espaços destinados ao leitor. Como eu disse, é uma relação antiga.
Sinto um chamado forte, como se o jornal fosse um diário de adolescente onde eu tenho que escrever algo. Inúmeras vezes nem sei o que escrever, mas o chamado é o mesmo, forte, profundo, obscuro, visceral.  Invejo os escritos nas colunas opinativas. Alguns são de extrema qualidade.  Bicca Larré é um bom exemplo da qualidade a que me refiro.
Assim como um maestro conduz os violinistas da orquestra, observado em êxtase pela plateia; ao ler o jornal imagino-me escrevendo, regendo palavras para o deleite intelectual dos leitores. Acredito que o enlevo é o mesmo, o do maestro e o do escritor que imagino ser.
Sei que minha visão é romântica. Mas se não houvesse um romance nessa relação, ela não seria encantadora e, portanto, não seria merecedora das palavras que estou amorosamente materializando aqui.
Amo as folhas grandes do jornal. Amo seu cheiro específico. Amo seus acertos e deslizes. A história moderna só foi possível pelos jornais, pelos jornalistas e pelos escritores que despejaram tantas ideias nas pessoas através desse encantador meio de comunicação social. Tenho uma relação poética com o jornal, acho-o algo além de um informativo, é uma manifestação artística.
Escrevo agora imaginando que um dia a tecnologia digital substituirá o jornal de papel. Então, já declaro meu amor e saudades antecipadas.

sexta-feira, 29 de março de 2013



A realidade da separação corpo e mente

                                                                       Prof. Amilcar Bernardi

Quando penso em separação corpo/mente vem à minha cabeça Platão e Descartes. Tinham eles, e outros é claro, um ideal de separação onde a mente tinha evidente superioridade sobre o corpo. Cheguei a crer que essa separação estava sepultada pelos avanços da Psicologia e da Filosofia. Porém, essa dicotomia atingiu o ápice na proporção em que a tecnologia avançou e tornou possível na prática diária essa divisão corpo (pesado, fixado) e a alma (como conhecimento e informações voláteis e onipresentes).
É do senso comum que hoje o que “vale” é o conhecimento. Pessoas que sabem mais são mais, mesmo que seja pouco provável que saibamos identificar o “saber mais” do “saber menos”. Parece que pessoas mais espertas merecem o sucesso e as almas mais obtusas nada merecem, ou merecem bem menos.
As tecnologias favoreceram e realizam de fato a separação corpo/alma. Hoje, e cada vez mais, as mentes viajam volatizadas, descorporizadas pelo mundo virtual. Elas vão a qualquer parte do planeta, viajam por bibliotecas no mundo, sabem cada vez mais de mais coisas. E o corpo? Fica sentado e obeso em frente ao computador. Inclusive pessoas cada vez mais se apaixonam por outras pessoas virtuais, ou seja, se apaixonam por mentes que se projetam nas redes sociais. Quase que o físico, o corporal não importa mais. O mundo material é cada vez mais um empecilho para a realização da vida sem corpo, da vida virtual.
As discriminações tendem a ser mais pelo que as mentes possuem do que pelos corpos sarados. Corpos cada vez mais tendem a existir apenas para o prazer sexual, e as mentes espertas e perspicazes, tendem a ganhar maior valor social. Mesmos as diferenças sociais baseadas na riqueza, são valoradas diferentemente: riquezas obtidas por proezas da mente (inteligência e mesmo apenas malandragem) são mais consideradas que aquelas vindas do trabalho corporal e do suor. Convém lembrar que até as riquezas são virtuais: já não é mais possível materializar toda a riqueza planetária em notas de dólar. A riqueza só é possível dentro das máquinas virtualizantes nos bancos.
O mundo social está vivendo um momento interessante: cada vez mais investe no ideal de mentes inteligentes desligadas dos corpos. Mentes viajantes nos pelos espaços virtuais onipresentes e oniscientes. Os corpos sarados e lindos, cada vez mais são um produto para consumo rápido, como se fossem de pouco valor, um pequeno deleite entre uma conexão e outra.




Imagem: http://2pass.wordpress.com/2009/11/23/se-eu-fosse-virtual/

quinta-feira, 28 de março de 2013

A impossibilidade de criticar


                                                                       Prof. Amilcar Bernardi



     Quando tu estás numa rodovia tomada por neblina, para tua segurança e para a dos outros, tiras o pé do acelerador. A questão é simples: a ausência de nitidez te deixa inseguro nas decisões. Se não há clareza, se os contornos da estrada não são visíveis, a probabilidade de acidente é muito grande. Neste exemplo, as questões filosóficas que tratam do conhecimento e da verdade, não fazem sentido para o motorista, pois ele tem que andar pela estrada perigosa através de uma prática objetiva. A cada metro rodado, uma decisão tomada. A nitidez, portanto, é vital quando as decisões exigem exatidão.    
A política, por ser uma engenhosidade humana que não quer, nem pode querer por essência a clareza absoluta, é uma rodovia tortuosa e perigosa. Acontece que agora houve um exagero.
Enquanto houve a ditadura no Brasil, as pessoas quase não percebiam a tortuosidade da política numa ilusão que as acalmava. Havia o mal personificado nos militares, na ausência de liberdade. Ser crítico ativo era igual a ser contra a ditadura. Todos sabiam se tu eras da esquerda ou da direita. O simples fato de não opinar já era forte indicio de que tu eras da direita!

     Hoje as coisas estão complicadas demais nas rodovias da política. O nevoeiro está muito denso. Como ter convicções e acelerar em alguma direção se não há mais esquerda e direita perceptíveis? Como objetivamente votar se a oposição é quase situação nas propostas? As plataformas de um lado e de outro se confundem. A oposição já não pode sequer criticar o passado recente da situação, pois a economia em sua gênese foi elaborada por uma e efetivada por outra. O povo está órfão de definições suficientemente claras para poder posicionar-se. Não há propostas diferenciadas. A neblina das indefinições, das inseguranças e das hipocrisias não deixa as pessoas seguras. Pelo menos para poder criticar. Lembrando que criticar, nesse caso, significa avaliar posições.
   
 Estamos num momento de grave crise. Não crise porque os políticos roubam e mentem. Não é uma crise porque a economia mundial está anêmica. A crise está na ausência de nitidez nas posições. Perigosamente tudo ficou igualado na certeza da politicagem de baixo nível. Então não pode haver crítica, pois não há o que avaliar. Restou às pessoas apenas a limitação infantil de falar mal e ofender desmedidamente quem se envolve com a coisa pública.

     A crise no Brasil é a impossibilidade de criticar. Tudo está muito semelhante na estrada das politicagens. Não há placas de sinalização nem nada que nos oriente. E ainda querem que a juventude opine e tenha consciência política.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Temer a vida para voltar para casa vivo

 Prof. Amilcar Bernardi

Ensinamos aos jovens rejeitar estranhos, a andar de olhos abertos para ameaças, não pegar carona de qualquer pessoa, suspeitar de lugares escuros, não aceitar bebida, evitar pessoas oferecendo drogas, enfim, ensinamos que a vida fora do ambiente conhecido é uma selva perigosa. E parece ser verdade tudo isso.  
Estamos num século de contradições nas valorações. Os valores mais cultuados são a liberdade e a felicidade. Porém, contraditoriamente, ensinar a ter medo é uma necessidade imperiosa, mesmo que limitante. Os jovens saem à noite inconscientes dos perigos, então os mais velhos ensinam o medo. Contra a impetuosidade juvenil os conselhos e as admoestações sobre os perigos onipresentes. Também às crianças ensinamos a desconfiança em relação aos adultos e às situações diferentes.
A utopia da confiança no próximo está cada vez mais distante. No lugar da confiança ensinamos a inquietação, a criticidade exacerbada e a escolha do menos perigoso. Não dá para dizer se ensinar a tensão e a desconfiança é algo errado. Talvez a aprendizagem do medo seja algo necessário, uma adequação a um mundo que se modifica rapidamente. Entretanto, fica uma incompatibilidade entre os valores do amor e da solidariedade e o ensino de um estado de alerta, de receio do próximo.
Não é novidade que a sociedade esta adoentada porque não sabe quais valores priorizar. Então, pela simples inércia do movimento capitalista, o que se sedimentou foi a escolha do lucro, da brevidade, da individualidade e da escolha ao culto da liberdade do consumo de bens e de corpos jovens.
Sem tempo e sem querer parar para refletir sobre os valores que nos norteiam hoje, os adultos resolveram estimular a perturbação da fé no outro, substituindo a confiança pelo sentimento de risco: os outros são avaliados como risco real. Então os pais sentem-se mais tranquilos quando conseguem ensinar aos jovens o receio, a apreensão, enfim, o medo. Ensinam, novamente de forma contraditória, que é preciso temer a vida para poder voltar para casa vivo. É isso que queremos?

domingo, 23 de dezembro de 2012

PESSOAS DESPREZÍVEIS



Prof. Amilcar Bernardi



É de uso comum a afirmação que estamos no mundo da informação. Tudo é comunicação de idéias. O mundo não é algo tátil, mas algo comunicado, significado. Chego a dizer que só existe aquilo que pode ser significado, que pode ser informado de alguma forma. É possível a seguinte máxima: ser é ser expressado, significado.
Tanto é verdade que sem sairmos de casa conhecemos e valoramos outros países e culturas (damos significado ao que não conhecemos). Em frente a nosso computador viajamos por galáxias e sonhamos com vida em outros planetas. Nos sites de relacionamento conhecemos pessoas, tornamo-nos amigos e, não raro, nos apaixonamos e casamos. Conhecemos coisas e pessoas através de sons, imagens e contatos físicos falados... se for possível tal contato, pois não é necessário.
Antes de trabalharmos em uma empresa, ela quer saber do nosso conhecimento. Lê nosso currículo, avalia testes e entrevistas com psicólogos. Quer a informação sobre nossa pessoa para aferir a quantidade e qualidade de informações/conhecimentos que temos a oferecer à empresa. Caso essa avaliação seja negativa, somos impedidos como pessoa de pertencer ao quadro funcional da instituição. Na nossa vida pessoal, quando amamos alguém, a amamos porque o que ela sabe/pensa/conhece é agradável para nós. Então a aceitamos como pessoa amada. Não a amamos pelo corpo ou pela beleza.... é muito pouco! Afinal, amamos o que a pessoa significa (informação) para nós.
Na Grécia clássica ser escravo era não ter voz. Aquele que era escravo não era ouvido, não tinha como expressar-se. Não informava, logo, não era ninguém, não podia ser avaliado. Imagina hoje! Quem não pode ser informação, nada é... ou é pior que um escravo grego!
Penso que o pior que podemos fazer na atualidade é tornar uma pessoa desprezível (de desprezar, menosprezar). Melhor dizendo, tornar o que a pessoa sabe uma informação sem valor cognitivo. Esquecendo deliberadamente que toda a informação é importante. Cruelmente é possível menosprezar o que uma pessoa informa, podemos diminuir o que alguém sabe e diz... isso a ponto de tornar a pessoa uma persona menos, desprezível, não audível! Algo como nos tornarmos surdos para quem fala o que desprezamos. É uma tentativa de tornarmos a pessoa algo sem significado! Isso é horrível. Ainda mais numa sociedade da informação!
Fico pensando sobre o aluno que “não aprendeu”. Os instrumentos avaliativos afirmam que o aprendiz não tem nada a informar sobre os conteúdos trabalhados, ou que o que ele tem a informar é desprezível. E quando o aluno avaliado desfavoravelmente demonstra sua insatisfação, a sua expressão pessoa(al) é desprezada. O que quer comunicar (ele mesmo é uma informação) não é ouvido... são informações tornadas ignóbeis pela autoridade. Fico refletindo... a avaliação mal sucedida é apenas o desprezo dos infinitos saberes que o aprendiz tem? E a avaliação “nota dez”? Seria apenas a supervalorização de alguns saberes sobre outros? Portanto, o “dez” é 100% a exclusão dos saberes ignóbeis (tornado ignóbeis)?
Evidente que não tenho respostas. Porém tenho uma convicção: não podemos tornar conhecimentos pessoais desprezíveis ou de segunda classe. Se assim o fizermos, pessoas serão menos, serão desprezadas e não ouvidas. Toda a pessoa tem informações, toda a pessoa sabe (sabe algo). Ninguém tem o direito de tornar desprezível alguém porque informa o que não quer ouvir em algum contexto. Sei que o contexto escolar exclui muitas informações/saberes/pessoas. E isso não é bom.

(imagem da internet)

“Vontade de mat@r alguém todo mundo já teve”

          Ao ouvir esta afirmação malévola, quase gritei:  Eu nunca quis matar ninguém! Ao ouvir esta infâmia, esta ofensa à humanidade do...