Quando vamos à academia de musculação malhar, não importa com o que
vamos nos exercitar. Importante é a própria atividade muscular, sua qualidade e
eficácia. Os aparelhos são apenas meios.
Manter a capacidade de aprender é algo semelhante. O que mais importa
é a atividade intelectual que os diversos saberes impõem à mente. Claro que, no
sentido da ética, é fundamental o valor acrescido ao conteúdo que aprendemos.
Mas, para o desenvolvimento da reflexão, o que é fundamental é a atividade
intelectual (ela é a finalidade das ações em sala de aula).
Por esse viés podemos responder a questão: por que ensinar filosofia
nas escolas? O filosofar é uma excelente atividade para desenvolver a
capacidade de aprender refletindo. A filosofia passa a ser, nas escolas, um
meio (e não um fim em si mesmo) para o desenvolvimento intelectual.
Outro aspecto importante: o estudo e a reflexão sobre as correntes
filosóficas têm também como efeito prático o disciplinamento dos desejos
juvenis. Estudar os grandes pensadores que tanto falam sobre a virtude, a
razão, a política e sobre os motivos das ações humanas, tendem a leva o
aprendiz a melhor gerenciar seus desejos.
Filosofar também é um refletir sobre as ideias no contexto do mundo. A filosofia alimenta as ideias para um pensamento mais qualificado. O saber filosófico retira o aluno do centro do seu mundinho. Esse saber o faz imergir nos contextos, na vida política e social. O adolescente entra em contato com outras verdades tão possíveis quanto as suas e, não raro, mais coerentes e complexas.
Ensinar filosofia é reconhecer que a vida é um problema sem solução,
portanto, é a complexidade da vida que fascina. Filosofar é reconhecer que
viver é pensar e viver com saúde mental é bem pensar. O jovem precisa saber que
sua qualidade de vida é dependente do que aprendeu, ou melhor, da sua
capacidade de aprender e refletir sobre o aprendido.
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