Podemos dizer grosseiramente que a alienação, em Marx, acontece quando
o trabalho humano produz coisas que são independentes e não pertencentes à
pessoa que as produziu. Penso que, seguindo essa reflexão, alienar-se é viver
produzindo coisas que não vão nos pertencer, ou seja, existimos para o outro
(ou para as coisas) na esperança de ter a plena posse (das coisas ou das
pessoas). Nas montadoras de veículos, monto o carro que não terei, estudo para
o curso superior não pelo conhecimento em si, mas para o status[1]
(que nunca será totalmente “meu”), vivo para o dinheiro (que nunca o possuirei
na sua plenitude)... Assim, entendo que vivemos mais para fora de nós do que
para o crescimento como pessoa única. Construir-me como alguém que está sempre
fora de si é perigoso. Alienar-se, nesse sentido, é não ter empatia (caminho de
ida e de volta; na alienação é só ida). O inverso, evidentemente, é também perigoso:
viver para dentro, ensimesmado, imerso num egocentrismo. Aqui é interessante
lembramos do “meio termo” aristotélico.
O que é o amor? Inúmeros poetas já o tentaram definir. O amor como o
conhecemos é recente (sob o ponto de vista histórico). Ele é considerado um
sentimento nobre que nos predispõe favoravelmente a outra pessoa, que nos faz
desejar o bem dela, levando a uma situação de dedicação e, não raro, nos leva a
devoção. Quando amamos, tendemos a esquecer de nós e a aproximarmo-nos do
outro. Esse sentimento, esse esquecimento de si é culturalmente louvável e
incentivado. Tanto as religiões quanto os poetas elogiam essa situação. Viver
para o outro é amar. Podemos ir ao extremo de apaixonar-se. Então se agrava
esse esvaziamento de si. A paixão é um sentimento exacerbado que se sobrepõe a
razão. Quanto mais amo menos sou eu mesmo. Alienado, perco-me na busca da posse
impossível do outro. Vivo para ou outro. Se guardo para mim grandes parcelas de
eu mesmo, sinto como se não amasse o suficiente. O mesmo eu cobro da pessoa querida!
Podemos pensar: por que nos alienamos dessa forma? Na verdade, esquizofrênicos,
buscamos o prazer narcíseo, egocêntricos e egoístas, buscamos no outro, na vida
do outro, EU MESMO! Busco a MINHA
satisfação, o Meu prazer, a MINHA alegria! Mesmo que para isso perca parcelas
importantes da minha identidade e da minha liberdade! Vivo para o outro para
ser EU MESMO feliz!!!!!!!!!!! Dialética estranha, porém, real e inevitável. Quantos
morrem por seus amores! Preciso tanto do outro para ser EU que morro por isso!
Portanto, amar é alienar-se. Quanto maior essa alienação, menos estou em mim
para conhecer-me, para conscientizar-me de mim mesmo. Estranho, não? Viver para
o outro (na esperança da posse plena) é uma tentativa de encontrar a mim mesmo!
Não acho que amar seja alienar-se,porque o alienado é um ser só,e o amor se é dedicado a alguém é sim uma entrega, no meu ponto de vista tenho uma outra idéia de alienação. Grande abraço @helenablll do Twitter#
ResponderExcluirMarcia!
ResponderExcluirObrigado por opinar.
Abraços fortes!!!!!!
Amilcar
O amor deve ser vivido entre pessoas com identidades distintas porque é melhor para ser preservado. Quando o meu eu começa a confundir com o do outro o amor se complica. Eu preciso de minha identidade e o outro da dele. Dessa forma, o amor pode se construir num panorama saudável.
ResponderExcluirAbraços!
Sonia Salim