Prof. Amilcar Bernardi
Eu sei que o diálogo é o melhor caminho. Os monólogos são uma
insanidade, pois não há neles a abertura para o outro. Pior é quando o monólogo
arregimenta milhares de pessoas. Se alguém é criticado desta forma, é bastante
provável que será linchado. Os grandes meios de comunicação usam várias vezes
esta estratégia infame. A mídia fala utilizando
um monólogo que, não raro, destrói muitas pessoas.
A aluna Isadora Faber enquadra-se nesta situação. Ela usou a mídia
virtual para criticar sua escola e seus professores. A adolescente fotografou
os problemas e emitiu opinião sobre o que acontece por lá. Rapidamente internautas se aliaram à aluna. A
imprensa noticiou o fato e a escola virou notícia. Evidentemente críticas criam
audiência, ainda mais por ser de uma menina e por um meio tão moderno: o monologo
nas redes sociais. Houve mudanças para melhor na escola. Porém, insisto no peso
do monólogo porque, o colégio e os professores não podem fazer o mesmo. Quero
dizer, tirar fotos dos alunos e dos problemas que eles trazem. Não podem
registrar os pais dos alunos que vem diariamente à direção agredindo. Muito
menos podem registrar o que os políticos fazem contra ela. Qualquer tentativa
de reação do colégio pelo mesmo tipo de mídia será mal entendida. Então será novamente
soterrado em críticas. Se esta Instituição de Ensino errar por um milímetro,
será acusada de impedir a livre manifestação de uma adolescente. Concluo que
não haverá diálogo. Pelo menos um diálogo público, no mesmo nível midiático da
aluna.
Não acuso a Isadora de montar uma estratégia ardilosa. Nem digo que
não deveria ter agido assim. Digo apenas que os professores e a direção foram
enredados de tal forma que apanharão quietos. Talvez uma escola particular
tenha uma equipe com jornalistas que sabem o que fazer num caso destes. Com
certeza não é o caso desta instituição que, sabemos, é publica. Também sabemos
que o real dirigente desta escola é um secretário de educação. Um cargo
político. Portanto, está preso à opinião publica. Justo esta opinião mutável e
mutante foi cooptada pela aluna. Penso que não há o que fazer. A escola está
julgada e condenada.
Insisto: a aluna tem o direito inegável de se manifestar. Porém, a
escola sempre estará cerceada nesse mesmo direito, pois ela foi criada para
ensinar e não para defender-se nas redes sociais.
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