Desde Issac Newton podemos dizer que dois corpos
possuindo massa, vão atraírem-se de maneira proporcional às suas massas.
Evidentemente que quanto mais distantes entre si, menos ocorrerá esta atração.
Newton afirmou ao imaginar a lei da Gravitação Universal: todos os corpos do universo atraem-se
mutuamente com força proporcional ao produto de suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado de sua distância.
Podemos resumir a Lei da atração universal dizendo que
quanto maior e mais perto estiver um corpo do outro, maior a atração que
ocorrerá entre eles. É isso que ocorre em relação ao sol e aos planetas na Via
láctea.
A massa de um corpo é a expressão da
quantidade de matéria nele contida. Ela é um dos fatores que determina quão
intensa é a atração gravitacional existente entre os corpos com alguma
proximidade.
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Para fins de facilitar o entendimento deste artigo,
imaginemos que fosse possível desligar esta atração.
Cada planeta do nosso sistema solar seria abandonado
em um movimento linear afastando-se do Sol. Poderia até haver colisões a
depender da trajetória que cada astro assumisse a partir do abandono. Podemos
concluir isso por que a força gravitacional que segurava tudo numa ordem,
desfez-se.
E se comparássemos um fato testemunhado por alguém
a um astro de grande massa? Um astro que com sua atração mantém tudo girando em
sua órbita?
Imaginemos que um fato ocorrido é como um grande
astro, denso e próximo do observador. Ora, por consequência, todos os
argumentos sobre o fato orbitarão em torno dele. A força lógico-gravitacional
fará com que todos os relatos se aproximem cada vez mais do fenômeno fático,
até ficarem orbitando em volta dele sem poderem se afastar. Em tese, cada observador trará detalhes ao
ocorrido a partir do seu ponto de observação. O acontecimento fático tem tal
massa de realidade, que todos os argumentos, observações e até as palavras usados
nos relatos, tenderão “naturalmente” a não se afastarem do ocorrido. Seria uma
espécie de teoria da gravitação universal da lógica dos argumentos fáticos.
O fenômeno fático terá tanto mais “massa” quanto
maior for a possibilidade de ser observado, percebido pela consciência do(s)
observador(es)
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Resumindo: quanto mais evidente for o fato e mais
próximo estiver o observador dele, mais o observador tenderá a referir-se ao
evento de acordo com as evidências dele. O observador estará sob o efeito da atração
gravitacional lógica, vinculando o relato do observador ao objeto observado.
O que ocorreria se a força gravitacional lógica
atrativa fosse ignorada? Ora, o(s) observador(es) teria(m) maior liberdade para
se afastar das evidências. Inclusive, vários observadores tenderiam a colidir
entre si em suas observações, ou até perderem-se em argumentações vãs e
distanciadas da realidade do evento ocorrido.
A distância entre observador/observado seria tanta que, após determinado
afastamento, as descrições do evento careceriam de realidade, ou seja, não se assemelhariam
mais ao evento ocorrido. Ao desgarrarem-se do fato, o referencial para a descrição
dele seria apenas a imaginação do observador.
Posso dar um exemplo, ainda apelando para a imaginação.
O delegado de polícia pergunta: Professor
Amilcar, tu estavas presente no momento em que o sujeito A assassinou o sujeito
B? Não, não estava. - Respondo. Então a autoridade apresenta as
imagens de uma câmera de segurança. Nelas apareço passando ao lado das pessoas
envolvidas, ou seja, passo junto ao assassino e ao assassinado. Sem abalar-me ao ver as imagens fáticas que
me desmentem, respondo ao delegado: Sim, sou eu ali. Entretanto, não menti
ao negar minha presença no crime. Veja que, senhor delegado, eu não estava ali,
eu passava por ali. Perceba o senhor que o verbo estar dá ideia
de imobilidade ao observar o crime. Contrário senso, eu estava passando,
movimentando-me. Portanto, não menti. Eu não estava ali - imóvel...
apenas passava por ali – cruzando o caminho. E passar pela calçada junto
ao crime, entenda-me, não é mesmo que estar fixado observando o fenômeno
criminoso... Portanto, eu não estava ali. Eu passava por ali.
A questão semântica inverossímil proposta no
exemplo, tende a distanciar o interrogatório do que realmente aconteceu no crime
de fato!
Perceba o leitor que não neguei que presenciei o
fato, o crime. Apenas deturpei as referências sobre ele. Estou, neste relato
maluco, lutando contra a força gravitacional lógica que me atrai ao fato.
Notemos que é um fato de grande massa: eu vi o crime, ouvi os gritos e os
estampidos da arma de fogo! Apesar disso, tendo a me distanciar lutando contra
a força atrativa linear que me liga aos eventos. Tento movimentar-me de forma
ilógica ao não negar o fato totalmente, mas afastando-me dele no limite de
quase nega-lo. Opto por uma narrativa quase absurda.
Lógico seria abandonar-me à força gravitacional
do evento (aproximando-me dele) e relatar o que presenciei do ponto de onde
eu estava.
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O delegado do exemplo, caso seja inexperiente,
poderá equivocadamente ficar discutindo a semântica dos verbos “estar” presente
e “passar” pelo crime. Caso caia neste embuste, a força gravitacional lógica
ficará menos poderosa, pois as falas se afastarão dos dois fatos de grande
massa: do assassinato e da minha observação presencial dele. Quanto maior a
distância permitida - por quem interroga - entre o observador e o observado,
menor será a força gravitacional que manterá tracionadas as observações,
palavras e interpretações. Caso o interrogatório não esteja orientado pela
força gravitacional do evento, o trabalho do delegado será falho e irregular.
Nos interrogatórios da Comissão Parlamentar de Inquérito
que trata das responsabilidades nas mortes relativas à pandemia (CPI da Covid),
evidenciou-se a tentativa dos depoentes de lutar contra a força
gravitacional lógica dos fatos.
A lógica semântica dos interrogados era mais ou
menos a seguinte: Com todo o respeito senhor relator era isso, mas não bem
isso... Na verdade era aproximadamente isso. Caso isso tenha acontecido como
está sendo demonstrado pelo documento aqui apresentado por Vossa Excelência.
Quanta distância do fato ao discurso sobre ele! Enfraqueceu-se
a força gravitacional lógica dos argumentos em relação aos documentos apresentados.
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O relator da CPI apresenta o fato, o documento, o
vídeo ou o testemunho anterior. Então o interrogado tergiversa, fala temas
próximos, tangenciando os fatos sem negá-los totalmente. Algo como a Lua tentar
negar a atração que sofre pela Terra, sem negar a realidade da grande massa do
nosso planeta. Como sabemos, quanto mais massa maior a atração exercida.
O interrogado tenta driblar a lei da gravidade lógica
dos fatos. Mas, a atratividade não
pode ser negada. Ela sujeita o depoente (massa menor) à força centrípeta exercita
pelos fatos (massa maior). Não há como escapar: havendo fatos, o máximo
possível é circular em volta dele, mas nunca realizar trajetórias aleatórias.
Os depoentes de má-fé desejam trajetórias
aleatórias em relação a força gravitacional exercida pelos fatos.
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Há que se fazer a distinção entre uma Comissão Parlamentar
de Inquérito e o impeachment.
A CPI liga-se muito mais aos fatos documentados e aos depoimentos fundamentados.
Portanto, a força gravitacional das provas é muito mais poderosa que no impeachment.
Este é mais, bem mais, político. Na política, os argumentos seguem mais a
lógica do tênis de mesa. Cada um deles espera a “raquetada” do argumento seguinte.
Não vale a lógica da força gravitacional para definir trajetórias. O que prevalece
é a força empregada no (contra)golpe argumentativo.
Chegando ao final deste artigo, quero salientar
as tentativas de burlar a lógica dos fatos pelos interrogados. A tentativa de
tergiversar quer interromper a força atrativa que liga os depoimentos aos fatos
documentados. Os depoentes querem chamar a atenção e dar falsa massa
gravitacional aos seus argumentos. Isso em detrimento do que está documentado
em áudio, vídeo, mensagens e documentos físicos. São sofistas no mau sentido do termo. Não
merecem credibilidade.
No mau sentido porque, neste momento, quero enfatizar
os sofistas como mestres da retórica e como pregadores de que a verdade é relativa
e mutável.
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Querem que suas palavras tenham mais massa
atrativa que os fatos. Os tergiversadores são apenas asteroides de mínimo
conteúdo. Nada atraem para si. Já os fatos são estrelas de enorme massa. Estrelas
atraem asteroides... e os consomem com seu calor. É fato.