Eu adoro
espantar-me. Fico feliz quando vejo algo e fico surpreso com algum detalhe
aparentemente banal. Não é fácil ficar surpreso. Tudo está passando tão rápido
que parece igual. Pois hoje fiquei espantado novamente! Estava junto a um grupo
de pessoas unidas no desejo de fazer o bem e usufruir dele. Coisa rara, não?
As
pessoas se reúnem por inúmeros motivos. Algumas vezes até sem motivo aparente! A
grande característica do homem, característica que o tornou gente, é a
capacidade de formar pequenas aglomerações. Delas surgiram tudo o que
conhecemos hoje: dos clubes aos Estados. A gênese dos grupos foi a necessidade
de defender-se das intempéries, da fome, dos animais e de outros homens.
As
coisas evoluíram muito. Não só aglomerações para o bem. Existem grupos de extermínio
de minorias, grupos de assaltantes, grupos de mafiosos, de milicianos e por aí
vai. Geralmente onde há um grupo reunido, outros grupos ficam excluídos do
primeiro. Claro que se reunimos muitas pessoas, o grande grupo formado é feito
de grupos menores. Há então inúmeros jogos de forças que juntam pessoas,
afastam outras, forças que formam alianças temporárias e permitem o crescimento
político das sociedades.
Hoje
pela manhã estava num grupo. O que o fez diferente dos demais, é que é um grupo
do bem. Enquanto outras vidas giravam suas órbitas diárias, meu grupo
questionava-se sobre como fazer o mundo ficar melhor. As pessoas, sinceras ou
não, repetiam palavras que incitavam a cordialidade e a fraternidade. Em nome
de um futuro “gastavam” seu presente com reflexões sobre a virtude. Por algum
tempo o capitalismo ficou de fora. As falas não eram da mesma natureza das do
dia a dia. Estabeleceu-se uma conduta acima da ordem das coisas que acontecem
no nosso trabalho, nas fábricas, no trânsito, enfim, externa a nossa rotina de
egocentrados e egoístas. Para a Filosofia, essa sensação é definida pelo termo
transcendência.
Senti a
profunda necessidade de sempre fazer parte de grupos que nos tirem do dia a
dia. Quero que todos façam parte de reuniões que nos impeçam de continuar na cotidianidade.
Falar do bem, pensar na virtude, refletir sobre a fraternidade é tão necessário
quanto respirar. Falar da fé é algo transcendente mesmo! Retira-nos do nosso
mundinho. Eu tenho fé sim. Tenho fé na humanidade, tenho fé nas pessoas, tenho
fé no bem, na ciência, tenho fé que é necessário ter fé. O homem é um sujeito
de fé porque é um sujeito de esperança. A fé e a esperança nos definem, nos
fazem gente.
Convido todos:
vamos nos reunir sempre. A pauta tem que ser muito estranha ao nosso dia a dia.
Ou seja, é importante estranhar o que fazemos, transcender a cotidianidade e
buscarmos falas sobre um mundo melhor, sempre melhor do que temos hoje. Podemos
ter dúvidas sobre a definição de “mundo melhor”, porém, não podemos duvidar da
necessidade de reuniões que discutam sempre esse mundo diferente e melhor do que
o atual.
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