Prof. Amilcar Bernardi
Obs.: Escrito no início de 2017.
É muito comum governos que estão
fragilizados economicamente e/ou politicamente, aventurarem-se em guerras com
outras nações para unificarem seu povo em outro foco. A história é farta destes
exemplos. Essa união tenderia a favorecer estes governos, uma espécie de
“pausa” na reflexão econômica e política quando fracassadas. Uma pausa motivada
pela exacerbação de um nacionalismo mítico. Geralmente não dá certo.
Unir o povo em sentido contrário aos
problemas nacionais, portanto, é uma prática antiga e também atual. Maquiavel
alertava que o povo pode ser conduzido, mas por pessoas especiais, os príncipes
de virtú. Virtú é a capacidade que o condutor do Estado teria em
controlar os acontecimentos através de estratégias. Entretanto, a história é
imprevisível e a fortuna comanda metade da nossa vida. Entendamos aqui fortuna
não como dinheiro, claro; mas como sorte, boa ou má sorte. Portanto, quem se
lança no mar da política pode até contar com muitos conhecimentos e
tecnologias, mas com certeza, não poderá controlar a vontade do mar.
O PT nestes anos de governo não conseguiu
unir as esquerdas, nem dentro da sua própria sigla. Não teve a virtú
necessária. A oposição cresceu e aventurou-se a disputar o poder. Aproveitou o
cenário econômico desfavorável, a mídia tendenciosa e emplacou o impeachment.
Mas, a fortuna é o lado da história que não é controlável. Temer uniu as
esquerdas melhor do que o PT sonhou fazer. Efeito colateral que ele (Temer e
aliados) não previu. Não teve sabedoria para tal.
Não foi preciso criar uma guerra externa
nem nenhum factoide maluco para unir as pessoas numa luta. A direita fez isso.
Maquiavel já afirmava: “Mas a ambição do homem é tão grande que, para
satisfazer uma vontade presente, não pensa no mal que daí a algum tempo
pode resultar dela. ”
O mal da ambição do PSDB, PMDB e
associados é a união das esquerdas. Resta saber se a maré que está a favor
delas manter-se-á por muito tempo. Terão as esquerdas virtú? Ou fracassarão?
Que soprem os ventos nestes mares
tumultuados da política brasileira!