Comunicar é um ato invasivo. Imagina
a pessoa absorta em seus pensamentos e alguém chama a sua atenção de alguma
forma. A outra pessoa ao conseguir a atenção, penetrou rapidamente na cognição
do sujeito antes distraído. A informação não pede licença. Quebra a vidraça dos
olhos e entra, força a entrada pelos tímpanos ou pelo tato perturbando os
neurônios, fazendo-se presença na nossa mente. Nunca os sons, as cores, os
sabores ou os aromas pedem licença para “falarem” com nossa consciência. As
pessoas agem de forma semelhante, surgem no nosso campo de percepção sem pedir
licença. A comunicação é algo obrigatório/irreprimível nas vidas dos humanos.
Pensando por aí, é fácil imaginar
que nem toda a informação é bem-vinda, porém, vem igual! O som que vem da porta
dizendo que alguém esta a bater, o vibrar do celular “gritando” na reunião que
uma alma quer se comunicar com a gente. Não conseguimos desviar a atenção daquele
visual inadequado para o ambiente formal, a imagem de um acidente que tentamos
não olhar, mas que se oferece despudoradamente aos nossos olhos! Podemos com
certeza dizer que muitas coisas forçam a comunicação com a gente. Eu insisto na
palavra comunicação porque nós respondemos (voluntária ou involuntariamente) a
estes estímulos que tanto queremos evitar! Então nos comunicamos sim!
Quando vou palestrar e estou fixado
no discurso verbal, veículo da minha comunicação com a plateia, esqueço que ao
arrumar-me, escolher mecanicamente a gravata e o terno, nova linguagem (visual)
esta se estabelecendo. Minha imagem, com certeza, também vai comunicar algo ao
público. E aquele que não se preocupa com a aparência? Comunica sua
despreocupação quando escolhe roupas que parecem ser vestidas ao acaso. Não dá
para ser insípido, inodoro e incolor, pois somos gente. Os espaços para os
comunicantes inexperientes de si mesmo está ficando cada vez menor. Sinto a
necessidade de refletirmos sobre como somos informação e agimos como se não
fôssemos!
Cada um de nós é uma informação que
não pede licença para atingir a consciência dos outros. Aparecemos para os
neurônios alheios e pronto. O outro que saiba o que fazer conosco! Surgimos
sempre como flashes, assim como os outros surgem para nós. Em cada calçada, em
cada emprego, em todos os momentos pessoas surgem comunicando coisas, sensações
e sentimentos. Ninguém pede licença para ninguém. Cada um que se vire como pode
na comunicação/aparição que faz de si mesmo! E o outro que se vire também com o
que fará com o seu surgimento instantâneo nas consciências alheias!
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