terça-feira, 10 de março de 2015

Homens bomba. Terrorismo brasileiro.

Prof. Amilcar Bernardi



O que é a política? Há milhões de significados possíveis. Mas estes significados têm algo em comum: entendimento, diálogo. Claro, não podemos esquecer que a razão faz parte. Só há diálogo quando há a razão. A racionalidade e o diálogo são inseparáveis. Caso contrário, serão duas pessoas falando para as paredes, uma não entendendo (ou não querendo entender) a outra.
Lembrei-me agora das crianças que estão aprendendo a falar e já estão na pré-escola. Elas brigam muito. Afinal, querem os mesmos brinquedos e ainda não sabem negociar. E porque não sabem? Por que são aprendizes do diálogo. Elas não sabem ainda que apenas expressar seu querer não interfere no direito de querer do outro. Então, os quereres colidem e pimba! Um empurra o outro. Não é fácil ser criança entre outras crianças. Ninguém negocia nada, todos querem tudo. Faz parte do aprender a ser gente. Se os adultos se comportam como crianças é muito complicado. Não temos professores para adultos aprenderem a falar e a negociarem seus quereres. Só na pré-escola temos tais professores, mestres da negociação infantil.
O que é a política? Não é coisa para crianças, aprendizes do falar e do negociar. Não é coisa de quem prefere empurrar o outro sem conversa, embriagado por si mesmo, por seus desejos irracionais. Não é coisa para surdos e mudos espirituais. Enquanto os espíritos estiverem presos em seus corpos, entrincheirados sem quererem falar e ouvir, é guerra certa. Tenho medo desses surdos e mudos que não entendem o outro, mas querem ser por eles entendidos. São terroristas na política. Explodem tudo, fazem terra arrasada.
Estamos hoje cercados de terroristas, homens-bomba unilaterais. Se estão de um lado, explodem o outro. Pronto, sem explicações. Para estas caricaturas de politizados, alguém sempre está do lado contrário ao seu. Portanto, a política é uma guerra santa. Eles têm que explodir os infiéis que não aceitam seu deus ideológico. Estou aterrorizado. Tenho dificuldade de afirmar meu posicionamento. Quem estará ao meu lado? Será um terrorista? E se minha afirmação for pública, com certeza sempre haverá um homem-bomba cheio de ódio. Ele vai explodir-me ou a alguém que eu ame. Vai vasculhar minha vida para achar alguma falha, alguma forma de atingir-me.
Ouvi na televisão um especialista na contratação de empregados de uma grande empresa brasileira. Ele disse o seguinte: cuidado com o Face book. As informações que o cidadão postar lá podem ser usadas contra ele na hora de contratá-lo. Entendi bem a mensagem. Se o empregador ou o selecionador for um terrorista, ele vai explodir o candidato antes de conhece-lo. Um total fanatismo! Basta ler para explodir a pessoa. O terrorista pensa que não é nada pessoal, é apenas uma faxina ideológica.
O que é a política? Não sei bem. Mas posso afirmar que não é fanatismo nem ódio.

A elite brasileira está produzindo terroristas políticos. E estes estão proliferando mais que vírus. A elite ainda não sabe. Alguns seres microscópicos criados pelo homem, matam seu hospedeiro. Ou seja, o próprio homem. 

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Poder e violência. Coisas distintas.