quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Obviedades


Fiquei com vontade de falar coisas óbvias, então escreverei infantilidades. Vou falar de árvore e de padaria.

Uma maneira eficiente, porém, trabalhosa de matar árvores, é impedir que suas raízes se alimentem. Demora um tempão. É preciso alguns cuidados para impedir que as raízes achem nutrientes, mas com certeza ela morrerá silenciosamente.  Secará, cairão as folhas, o verde desaparecerá até que morra totalmente.

Outra obviedade: se eu tenho uma padaria, fico muito preocupado com os cursos de formação de padeiros. Porque se as pessoas não querem fazer mais pães ou se fizerem pães ruins, como vou sobreviver? Eu vivo de pães! Uma sociedade que não sabe fazer pães, está fadada a não ter cafés da manhã gostosos! Ela começará a reclamar da ausência dos pães. E o pior: não se lembrará de se importar com a qualidade ou com a ausência dos padeiros! 

 Credo! Estes dois parágrafos são óbvios demais! Aí está a chave da questão: a obviedade!

          Coisas evidentes muitas vezes tornam-se invisíveis por parecerem insignificantes. As pessoas não estão vendo o que está acontecendo ante nossos olhos. Se a educação fosse uma árvore, os educadores seriam as raízes.  Fácil entender que a educação formal é feita de professores. Então, basta olharmos para o número destes profissionais e fica mais claro ainda o problema. Cada vez temos menos gente querendo ser professor. As universidades não conseguem captar candidatos nesta área da mesma maneira que outras áreas captam. É só ver os números. Se a educação fosse árvore, estaria morrendo pelas raízes, de fome. Se a escola fosse uma padaria, faltariam padeiros. E mais, pouca gente desejaria fazer o curso de padeiro, mesmo querendo pães muito gostosos!

 A sociedade cobra muitas coisas. Porém, esquece de cobrar um tratamento digno aos professores. As pessoas até clamam por uma educação melhor e não lembram dos educadores. Não podemos ser hipócritas, é preciso aumentar os salários como é preciso aumentar o número de vagas para os alunos nas escolas públicas.

 É urgente dar as condições salariais ao educador para que possa ele mesmo qualificar-se. Qualificar-se no que quiser! O professor não quer nada de graça. Ele quer dignidade.

   Continuo dizendo obviedades, invisibilidades.

Temo por meus netos. Quem serão seus professores? Haverá professores? Qual a qualidade das vivências culturais dos que se candidatarão à docência?  As respostas são óbvias também, mas não quero escreve-las. Vou deixa-las doendo no meu peito de professor.